Estrutura musical
Reparem como tudo que existe e é considerado bonito,
organizado tem uma estrutura proporcional.
Nosso corpo mesmo tem uma proporção. O tamanho do nosso
braço, perna, nossa altura, etc. Tudo é proporcional dentro de uma pequena
variação.
A música não é diferente.
E para que serve essa proporcionalidade?
Beleza, sensação de organização, padronização, sei lá, mas o
fato é que nosso cérebro gosta muito dessa sensação de organização em todos os
aspectos do nosso campo de atuação.
Veja um poema, por exemplo: a estrutura dele sugere um
padrão que em determinado foi aceito e continua sendo usado.
E o que acontece com coisa que estão fora desse padrão? Elas
dão a sensação de bagunça e desorganização.
Na música temos padronizações básicas, como o tempo, quatro
por quatro, três por quatro, determinados instrumentos para determinados
estilos musicais, determinado figurino para determinado artista que representa
determinado estilo musical ou determinada filosofia de pensamento.
Mas tem uma padronização que muitas bandas esquecem e ela é
muito simples e é a estrutura musical.
Uma música pode ter milhares formas de variações. Infinitas.
Porém existe o padrão, que serve para que na nossa
criatividade, ou falta de técnica, não torne nossa música absurda aos ouvidos
alheios. De que adianta você criar a sua arte e ninguém gostar? Artisticamente
dizendo até é compreensível. Muitos artistas são mal compreendidos em sua arte.
Mas num grupo de louvor, para que fazer um negócio
incompreensível para os outros, sendo que nossa missão é sermos facilitadores?
Aí que encaixamos o padrão da estrutura musical.
O padrão é simples:
A música tem que ter começo, meio e fim. Na verdade, temos
essas seguintes “partes” da música:
(I)Início – É o começo da música. Pode ser a primeira frase
do verso com alguma alteração ou simplesmente igual. Se formos fazer algo
diferente do verso, devemos ser coerentes e não deixar a música irreconhecível,
pois nem nosso vocalista vai conseguir identificar a parte da música que
estamos;
(v)Verso – É uma parte de preparação da música. Por ter a
dinâmica mais fraca, não é onde colocamos as frases centrais da mensagem que a
música quer passar;
(C)Refrão/Coro – É o momento da música onde a dinâmica sobe
e temos a conclusão de uma idéia tanto na letra quanto na parte instrumental;
(B)Ponte/Bridge – É o coro do coro. A dinâmica é alterada
para mais ou menos do que o coro e complementa a letra da música e a estrutura
musical da canção. Esse deve ser o pico de energia e intensidade da música
quando utilizada como coro do coro. Podemos também fazer a ponte mais fraca que
o coro, o que torna o coro o ponto de mais intensidade. Com a ponte mais fraca
que o coro temos uma música mais amena, onde a ponte pode ser um momento de
reflexão e calma ao invés de pico de energia;
(F)Fim – É onde temos a conclusão da música e a energia do
coro final que costuma ter a dinâmica forte é dissipada.
Músicas pequenas têm a estrutura I-V-C-V-C-F e costumam durar
cerca de dois minutos e meio
Vencedores por Cristo e músicas contemporâneas costumam ter
essa estrutura. A música Cristão dos anos 70/80 eram menores, não tinham solos
de instrumentos e costumam ter a parte instrumental bem simples, o que tornam
essas músicas fáceis de decorar e de tocar, e em contraponto tinham letras bem
boladas, o que possivelmente tornou essas músicas tão populares até hoje.
Uma variação dessa estrutura curta tem a inserção de uma
ponte entre o primeiro coro e o segundo verso, onde o início é tocado novamente
na ponte.
I-V-C-B-V-C-F
Músicas maiores costumam ter a inserção da ponte, pois a
música começa a ser repetitiva e faz com que o ouvinte perca o interesse, caso
não ocorra uma quebra nessa estrutura da música.
Para músicas que tem seu coro ou verso tocados mais de duas
vezes temos as estruturas:
I-V-C-V-C-B-C-F
I-V-C-V-C-B-V-C-F
I-V-C-B-V-C-B-C-F
I-V-C-B-V-C-B-V-C-F
I-V-C-B-V-C-B-V-C-F-B
Cuidado ao usar muitas pontes na sua música, pois elas podem
tornar a sua música realmente enorme. Uma música muito grande precisa de muita
produção musical para ter conteúdo suficiente para cativar o ouvinte por cinco
ou sete minutos, que é o tempo que uma música grande terá.
Outro detalhe é a proporção da música
Se temos 8 compassos no verso, geralmente usamos a metade,
ou seja, 8 compassos como início. No máximo usamos a mesma quantidade, ou seja,
8 compassos. Se a introdução for maior que o verso ou que até mesmo o coro,
deve ter algum atrativo, como um solo de algum instrumento ou qualquer outra
coisa. O excesso de tempo na introdução sem muito conteúdo fará o ouvinte se
desinteressar pela música logo no seu primeiro minuto.
Uma música com 16 compassos de verso deve ter 4, 8 ou 16
compassos de introdução, preferencialmente 4 ou 8 compassos.
O coro não precisa ter exatamente o mesmo tamanho que o
verso, podendo também ser maior ou menor, mas se for grande, deve ter conteúdo.
Com 4 compassos de verso, não seria incomum termos 8 compassos de coro, pois a
música está relativamente curta, mas seria estranho 16 compassos de coro, pois
ficaria muito desproporcional. Como o coro tem a dinâmica mais forte, teríamos
muito tempo de dinâmica forte para pouca de dinâmica fraca do verso. Uma música
com 8 compassos de verso suporta 8 ou 16 compassos de coro. Já uma música de 16
compassos de verso teria muito pouco tempo de dinâmica forte caso tiver apenas
4 compassos de coro.
A ponte geralmente tem metade do tempo do coro, podendo ter o
mesmo tamanho. Como a dinâmica é muito forte não é bom exagerar. Muitas pontes
podem ser utilizadas para solos de instrumentos, orações, falas, momentos de
reflexão e por isso podem ser estendidas quando a dinâmica não é tão forte, ou
começar fraco e subir, o que tornaria essa ponte uma ponte composta
(intensidade fraca evoluindo para forte ou começando forte e regredindo para a
fraca) o que faria dela uma ponte grande.
O fim da música muitas vezes é a repetição do início, talvez
com a dinâmica mais forte, ou senão é a execução da parte final do coro com
alguma alteração que indique a dissipação da intensidade da música que
claramente leva ao fim da música. Não seria sábio ficar muito tempo
enfraquecendo a música. A metade do tempo do coro deve ser suficiente para o
fim da música. Menos tempo também é válido. Podemos ter um fim/ponte, que seria
um momento alongado para o fim, com uma dinâmica amena, que pode ser usada para
solos. Podemos usar essa ponte também para emendar numa outra música sem ter a
quebra causada pela pausa dos instrumentos musicais que quebra o “clima”
Não é tão difícil assim estruturar uma música e temos muitas
variações possíveis que bem utilizadas podem tornar a música muito legal.
Lembre-se que cada parte da música deve mudar de intensidade.
Ainda vou escrever sobre isso mais claramente logo.
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